Eu te respeito égua sacana
Como eu respeito outro bicho
Seja malhada ou manga-larga
Gosto de ouvir o seu relincho.
Égua sacana és mui danada
És fruto do meu paraíso
Égua sacana flor da noite
Me lambe, ama dando coices.
Manda nos currais além da cerca
Bate nos machos que te agrada
E toda carrapatada que te agarra
Suga-lhe o sangue da carne cara.
Se traz no sangue a raça arábica
Talvez o que corra é campolina
Ou um muar de pelagem rara
Mas vai saber quem é que o diga.
Égua sacana dá seus corcôvos
Nos monte de estrume e urina
Égua sacana morde os ovos
Do garanhão que te abomina.
E se algum dia tiveres uma cria
Com uma crina mui multicolorida
Não deixe que agulha da vacina
Penetre o couro da sua filha.
E se algum dia tiveres um dono
Que ouse montar em seu pêlo
Apelo que deixe-o ao abandono
Para que não descubra seu segredo.
Égua sacana eu te imploro
Não tire os olhos da vaca preta
Égua sacana não tire os olhos
Que o boi preto quer sua teta.
Gyl Ferrys