“Quantas saudades eu tenho
dos dentes da minha vida,
da minha dentição perdida
que odontólogos não trazem mais.”*
*[devidas vênias e créditos a Casemiro de Abreu]
Mesmo nos dentinhos decíduos,
sabidos sujeitos à queda abrupta
indolente já acumulava resíduos
sem fundo fazia da boca a gruta.
Depois que cresceu o maxilar
quatro caninos, os incisivos oito,
oito molares, cada um no seu lugar
os quatro do sizo logo perdi afoito.
Contudo, traiu-me o cruel destino,
atacado por uma periodontia
foi um atrás do outro todo canino
depois, um molar caia a cada dia.
Sem sequer uma cúspide, que tristura
era para rasgar um naco de bisteca
restou buscar auxilio da dentadura,
coisa assim como peruca para careca
Ah! Como faz falta triturar picanha
já hoje condenado a tomar sopinha
Ah! Como dói essa saudade tamanha
de todos aqueles dentes que tinha.