Medidas de enxugamento são muitas e se partirem de um executivo sensibilizado e com vontade política, nem todas apontam para a demissão de servidores estáveis. Antes se deve passar pela extinção de empresas e autarquias deficitárias; controle da máquina visando aumentar a arrecadação Mas diante de uma avidez por resultados que venham a gerar dividendos e pelo raciocínio dos tecnocratas e teóricos que nutrem as ideias e as teorizações das elites, a fatia mais apetitosa é a folha de pagamentos, uma vez que a maior parte da verba de custeio – aquela lá, para o pagamento das empreiteiras e outros fornecedores - é sagrada.
Daí inicia-se com a extinção de estatais, autarquias e secretarias; redução dos cargos de confiança de chefia, programas de demissão voluntária; demissão dos não estáveis e como por incompetência dos governos estas medidas de enxugamento servem apenas para manter orçamento nas mesmas bases do ano anterior, apela-se para a demissão dos estáveis, prometendo um estado mais ágil.
Em suas justificativas à população, os executivos sempre recorrem aos proventos dos aposentados e pensionistas, sempre considerados um estorvo e um peso maldito que deve ser conspurcado e extirpado a qualquer custo, posto que, por força de uma legislação previdenciária no mínimo equivocada, não contribuíram os primeiros para as aposentadorias que agora recebem e os segundos consomem mais recursos que os arrecadados pelos institutos de previdência dos funcionários, conhecidos de sobejo até não muito tempo atrás, pela ineficiência. Dizem que mudou, mas a carteira de lazer, a de bolsa de estudos e outras, ainda não foram reativadas. A carteira de empréstimos emperra na burocracia.
Essa falha não existe por culpa dos funcionários e diante dessa realidade, omitem-se mais uma vez os governos ao não editarem uma legislação previdenciária moderna e que faça frente aos encargos. Nenhum funcionário vai recusar-se a contribuir para a sua aposentadoria, mas assusta a megalomania da abertura de uma concorrência internacional para a criação de um fundo de sei lá o que, sem a edição primeira da lei previdenciária prevista na Constituição do Estado.
O primeiro enfrentamento desse problema teria que vir procurando-se aumentar a arrecadação com medidas decididas e firmes, tomadas de modo a não agravar nenhum dos problemas sociais. Governadores, de modo irresponsável mantêm isenções fiscais ou concedem outras. Na equação “ diminuir despesa x aumentar receita” a opção pela segunda demonstra a ousadia e a coragem do administrador modernizando a fiscalização e utilizando um eficaz controle de gastos, sem reflexos na qualidade dos serviços oferecidos.