Às vezes eu choro, sim... Por que não?
Minhas lágrimas lavam-me o rosto
Enferrujado perante as velhacarias do mundo...
Às vezes eu choro, sim... O quê há de anormal?
Minhas lágrimas correm-me a face
Envergonhada diante do desprezo social...
Às vezes eu choro, sim... O que é que há?
Minhas lágrimas despencam num chão
Deprimido perante a desfaçatez dos homens...
Às vezes eu choro, sim... Que mal há nisso?
Minhas lágrimas inundam-me o corpo
Cansado de ver e sentir a hipocrisia humana...
Às vezes eu choro, sim... É feio um homem chorar?
Minhas lágrimas anestesiam-me o olhar
Desesperançado diante das injustiças e humilhações...
Às vezes eu choro, sim... Perco a honra se pranteio?
Minhas lágrimas fazem-me perceber que o amor
Está enfermo e que a vida se plasma em ilusões...
Às vezes eu choro, sim... Deveria sorrir, por acaso?
Minhas lágrimas libertam-me de um êxtase inócuo
Quando verifico que o mal campeia pelos corações...
Às vezes eu choro, sim... Deverei parar de chorar?
Nunca! Minhas lágrimas fazem-me beber tristezas
Logo que observo uma total ausência de emoções...
Não é nem mais às vezes... Eu choro sempre
Porque o mundo se transforma, a mentira grassa
E a verdade, sem forças para resistir, acovardou-se...
Eu choro, choro, sim... As emoções estão carentes
Do sorriso que cedeu lugar à melancolia ...
Eu choro, choro sim... Vem chorar comigo!