Vento! Áurea do além-mar,
Empresta-me o teu silêncio,
A tua voz eterna e incorpórea,
Os teus sons e os teus delírios…
Os sonhos que de mim levaste.
Hoje, há vazio neste olhar despido,
Nem as paredes, nem os telhados,
Nem o chão abafa este mudo grito.
Cobre-me um véu alvo e salgado…
O farol apagado, a nuvem inquieta
E a montanha onde te encontrei
Está distante e tu…ausente!
O meu corpo é gota no oceano,
Lapa em proa de um barco fantasma,
Não sei a sua rota ou se há céu, mar
No porto onde me leva a atracar.
Só a luz dos teus olhos e o som
Do teu vibrar me fará voltar.
Cala as musas negras deste desnorte,
Recolhe as palavras caídas sem asas
Segreda-me ao ouvido o ensejo,
o enamorar das estrelas e do luar,
o raiar do sol e o despertar do mel,
Beijo-semente das flores férteis
Quando abraçam o solo dos poetas.
Maria dos Santos Alves
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