Poemas : 

Ninguém sabe morrer

 
Tags:  castigo    ruído    ladrões    polícias    pachorra  
 
Os velhos e velhinhas
a gente sem abrigo
que pede
pelas alminhas
vive
como castigo
e

dos colos carregados
das lantejoulas
dos cenhos carregados
das angústias
dos peões
da soberba pachorra
de esperar
remédio
da virtude paciência
e

há sempre
muito ruído
muito brilho
muita cor
ladrões
à paisana
e polícias
nas esquinas
prostituição
a disputar a sensualidade
que há em tudo
e

a despesa de viver
o pecado
fechar os olhos
para ignorar
a bomba
que vai explodir
e

tanto filho da mãe
que anda a fugir
sem descanso
que não suporta a luz
nem a própria sombra
tanta faca
escondida
e

deve haver
além de mulheres algures
ilícitas de tão carnais
amores imperfeitos
de tão legais
e

o livro da história
que não cessa
nem há tempo para ler
até numa biblioteca
ninguém sabe morrer.






 
Autor
Carlos Ricardo
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/07/2014 17:24  Atualizado: 19/07/2014 17:24
 Re: Ninguém sabe morrer
São realidades dos "nossos" dias aqui bem resumidos e que já vêm desde os tempos passados...em tão poucos versos o mundo lá dentro Carlos de tanta coisa escondida, de tanta coisa por desvendar de uma forma geral...

" Ninguém sabe morrer" ...e fica sempre alguém para contar/cantar a vida de alguém...

Gostei imenso de deambular assim no seu cantar poeta.


Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 14/08/2014 04:43  Atualizado: 14/08/2014 04:43
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: Ninguém sabe morrer
Ninguém, Carlos.
Que triste, Carlos.
Que lindo, Carlos.