Interrogo de sono profundo,
Malha gasta da minha pele…
Rio de margens sólidas,
E na corrente já sem força
um livro feito poema…
e do tempo sobre o tempo…
…apenas uma folha caída.
Este tempo…
Que lentamente morre,
Que se faz saudade
No despir das árvores,
No esculpir de um rosto…
No erguer de uma alvorada
E no beijar de um seio quente.
Este tempo…
Ligeiramente adormecido…
Onde desmaiam os anseios,
Os medos, os desejos…
Neste tempo…
Onde morrem aos poucos
Os navegantes e os amores
E o mar é tela sem poente.
Este tempo…
que proclamo mentira,
que por mim passa e é vento,
que é ainda estação jovem
que é engano e eu estagno-o
como se relógio fosse e…
caísse no esquecimento…
Este tempo…
Eu proclamo de mentira,
Pois ainda sou menina.
Este tempo…
Que terá o seu tempo,
Feito de tantos rasgos,
Lágrimas e risos,
Venturas e desventuras,
Bocas soltas desmaiadas
Em algazarras e silêncios.
Este tempo…
Onde nunca há um copo vazio
Onde o amor ainda jovem
É já maduro num beijo eterno…
Este tempo…
Que ainda grita o meu tempo…
Eu… ainda uma menina…
proclamo apenas… de vida!