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O JUGO DOS TECNOCRATAS

 
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Tecnocratas gostam de falar e escrever de maneira difícil. Gostam especialmente de empregar expressões criadas por eles mesmos e que apesar de resumirem as suas teorias, nada acrescentam. Os tecnocratas tem o total domínio das teorizações mas desprezam as próprias emoções. E como semideuses da administração, desprezam sistematicamente e subestimam perigosamente as emoções das partes envolvidas nos processos em que intervêm. Reconsiderou Michael Hammer ao reformular a sua “ Teoria da Reengenharia” e deu a devida atenção aos sentimentos e reações das partes envolvidas. Mas em nossa administração, o que se vê é que apesar de inicialmente ter adotado a “ reengenharia do Estado”, não evoluiu nesse conceito após a reformulação e continua adotando a prática de impor transformações , no estilo inicial .
São as modificações sugeridas pelos tecnocratas , que valorizam mais as estatísticas e as planilhas que as emoções das pessoas. Desprezadas as emoções, nada valem os planejamentos e planos ou suas modificações. Em sã consciência, desprezadas as paixões políticas e os envolvimentos emocionais não há como negar as boas intenções da administração. Porém, torna-se necessário que se tenha o discernimento necessário para que se faça chegar aos tecnocratas a quem foram encomendadas as modificações que elas de nada valem se não refletirem ao menos, os mínimos anseios das partes interessadas, não na prorrogação indefinida do problema, mas na sua solução. Essa prorrogação indefinida capitaliza a questão, rendendo dividendos políticos mas além disso, não contribui para a solução.
Teorias açodadas, ilações românticas e a dura realidade da vivência prática dos problema geralmente contrapõem-se e não raramente resultam as primeiras em estrondoso fracasso, geralmente acompanhado do desperdício de preciosos recursos. A elaboração de um projeto sem um minucioso estudo preliminar onde devem obrigatoriamente serem levadas em consideração as opiniões e as manifestações dos indivíduos envolvidos fatalmente resultará num plano incompreensível para as bases, inaceitável e necessitará de atitudes políticas equivocadas, mantendo todos sob o jugo de um planejamento eivado de imperfeições e alterações infelizes posto que impostas e unilaterais. Entretanto, seria ingenuidade negar que são fatos que contribuem para um aumento de prestígio eleitoral, capitalizando politicamente a questão e gerando seus dividendos políticos.
Por isso, não é possível aplaudir todas as modificações ou quem as sugeriu. O conhecimento prévio das reações das partes envolvidas não pode ser desprezado. E nem o conhecimento das opiniões. Opiniões , resultados de consultas não aprovam o conteúdo de um projeto e também sequer rejeitam-no totalmente, não se preocupando em julgar o mérito da questão por ser geralmente além dos limites da maioria dos envolvidos como analistas ou tecnocratas. Mas são de vital importância como subsídios a qualquer projeto posto que refletem as emoções. Não há a intenção da critica gratuita na abordagem deste assunto, mas o anseio pela aplicação de critérios justos e do reconhecimento de uma classe laboriosa e operante. Fica porém o protesto à forma como são apresentados projetos de interesse dos policiais, uma repulsa à falta de consideração que vem sendo demonstrada com todos os integrantes da Polícia Civil de São Paulo.

Artigo escrito e veiculado na imprensa local no início dos anos 2000, quando presidente da APOL- Associação dos Policiais Civis de Piracicaba )
 
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LM.remora
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Enviado por Tópico
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Publicado: 17/11/2015 22:42  Atualizado: 17/11/2015 22:58
 Re: O JUGO DOS TECNOCRATAS
Usualmente foi e é imbuído a esse grupo,um quê de elitismo (isso de certa forma compreendo)Mas sabe aquele ditado de que o "tiro saiu pela culatra?" Pois ao ler seu artigo, me veio logo a mente, de como cada vez mais a governabilidade das autoridades mudiais regridem, quanto mais avança o poder das tecnologias e seus gestores,observo que o avanço tem uma inegável amostragem retrógada,digo isso,levando em consideração a sua alusão muito bem colocada a respeito da desvalorização da emoção nesse âmbito.
Ora as máquinas existem porque foram e são criadas pelos seres humanos e toda a gama acervista para gerir as diretrizes dessas máquinas também se encontram em mãos humanas, mas o que se perde em meio a ribalta de todo esse avanço é a falta de senso, aquele chá de "simacol"que a cada dia está se diluído em águas estagnadas e sem saneamento adequado, mas qual a razão a qual discorro a respeito disso? Simples: As pessoas hoje em dia a maioria delas não estão interessadas no x da questão dos bastidores do governo (a não ser que seja fofoca quente) o que querem é a garantia de que suas vidinhas continuem seguindo sem perturbações e não reivindicam o que lhes pertencem por direito como cidadãos e contribuintes. Me diz,quantas pessoas você conhece que costuma assistir a TV NBR? Quantas curtem,partilham,comentam, interagem nos sites governamentais disponíveis a população? O número acredito ser muito abaixo da estatística esperada e o que leva essa falta de interesse? Desconhecimento.
O desconhecimento é um mostro traiçoeiro que assume o formato conveniente quando encontra espaço e faz prisioneiros do medo, da preguiça, da mentira, do falso moralismo e outros ismos por adiante.
Com isso quero dizer que os tecnocratas agem de acordo o espaço que lhes vão sendo liberados e o governo adere por uma questão não de princípios, mas por uma questão de saber como funciona a cabeçola do povo,Karl Marx defendia que "Do mesmo modo que não podemos julgar um indivíduo pelo que ele pensa de si mesmo, não podemos tampouco julgar estas épocas de revolução pela sua consciência, mas, ao contrário, é necessário explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito existente entre as forças produtivas e as relações de produção."
Acredito que Pitágoras se revolveria em sua tumba,caso ele tivesse acesso a um iPod e seguiras noticias do que estão fazendo com o que criou a principio.
Sem querer me distender mais, só ressalvo que compreendi perfeitamente sua intervenção,está mais do que evidente que é urgente que não por uma questão utópica,mas de ponderação que tanto o governo como seu Tecnado,parem para lembrar que são tão humanos quanto qualquer um fora daquelas portas, que eles são sujeitos a diarreias,picadas de mosquitos, fome,sede,medo,tristeza, como qualquer mortal e que seria de bom tom,prestar atenção nos sinais... O terror no mundo é um mar que não estar para peixes, a hora do recreio acabou faz muito tempo é bom ouvir a voz da razão principalmente em harmonia com a do coração, essa não erra e uma nação sem pulso que lateja,é uma nação morta ou em estado comatoso.
Como cantava Cazuza:

"Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?"

Agradeço a leitura.