Em branco estão as linhas do meu Ser,
páginas caladas, sem voz nem alvorada,
sonhos e desejos, dores e alegrias, verbos por escrever
prontos a irromper da minh'Alma nunca achada!
Horas e horas prolongadas de enleio e desengano,
ao pensar chegar nos versos, a esse porto por achar.
Essa busca incessante, que me vive de pequeno,
hei-de leva-la ao caixão, esse cabo por dobrar ...
Que o leme da ilusão, essa ninfa sem perdão,
grita ainda lá do fundo, habita no convés,
deste barco aos solavancos, no mar da solidão.
Meu sonho de ser livre, aos poucos vai ao fundo,
minha esperança guarda ainda, quiçá outro revés,
mas meu barco vai ficando tão longe deste mundo …
Ricardo Louro
Café a Brasileira
no Chiado
Ricardo Maria Louro