"...sem nada mais a fazer toda gente que subsistir perambulando
como espectros nômades no orbe remanescente da predição...”
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Num momento de angústia
Num momento de angústia, suplício insano,
desejei que o sol se apagasse do céu,
deixando a terra em completo abandono.
Em anelo consternado desejei que morressem
primavera e outono, restando eternamente invernos,
sequer caindo das nuvens carregadas de aflições,
uma gota que fosse do calor de mais um verão.
Desejei que ventos perversos inclinassem as hastes das flores,
que os trigais tremessem de frio, congelando o universo
misturando as cores do arco iris, reduzindo-o a linhas brancas.
Que restasse o mundo mergulhado em escuridão profana,
remanescendo lutos e expiações depois da destruição da luz,
da supressão das melodias bailantes nas cálidas brisas.
Quis a dispersão das pessoas e de todas as coisas,
nada sobrevivendo, sobrando desesperos,
sem nada mais a fazer toda gente que subsistir perambulando
como espectros nômades no orbe remanescente da predição.
Desejei tudo isso só para não mais ver você,
que passou despreocupada, pela rua - mesma calçada -
não alterou sequer o passo, cruzou comigo - e não me viu!
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."