Ando muito cansado
Imito o Atlas antigo
O mundo no costado
Nem um ombro amigo
Para partilhar comigo
Do peso que eu carrego
Também eu não nego
Que olho o meu umbigo.
Enxergo só o meu nariz
Só penso no meu sossego
Que fazer se tenho o ego
E ele quem decide e diz
O caminho de ser feliz,
O caminho do conforto?
Mesmo que seja torto
Não desvio nem um triz.
Não ao ator, nem à atriz.
Atrás dos montes nasce o sol
No horizonte rola o arrebol
No jardim nasce a flor-de-liz.
Do nada nasce meu poema
Eu invento, disfarço e minto.
Digo, efetivamente, o que sinto.
Abuso de tretas para os temas.
Quem dirá que sou um fingidor?
Qual voz reverbera na parede futura?
Para todo mal sempre haverá cura
Desde que não se abata o tema... Amor!
Gyl Ferrys