Os olhos que olhos não veêm.Mãos que se tocam esquivas e lascivas.
O cheiro abafa as palavras e algo se esfuma no ar.
Sentados á mesa partilhamos a panela mas acabamos comendo algo de muito diferente.Ambos acabamos satisfeitos mas não mais perto.
Trocamos as nossas ideias e ideais e a sobremesa sobre ela está.
Olhamos com estranheza um rosto á tanto conhecido.
Um sorriso de esperança, outro abismo á esquina, e a vida corre em bicos de pés.
Apesar de compostos da mesma matéria preenchemos os espaços vazios de maneiras tão diferentes.
Tentamos passar, distraídos ás vezes, pelo meio dos outros e acabamos a comparar mossas no chassi. Lambendo carinhosamente as feridas alheias na esperança e desejo de ver as nossas lamdidas.
Procuramos individualidade e aceitação.E essas lutam sem tréguas.
O campo de batalha somos nós e as palavras são a arma e o consolo.
Se fosse este um mundo de surdos-mudos não seria tudo mais fácil?
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.