OS PORÕES DA VIOLÊNCIA
Nesta cela horripilante suja e fria,
Que repugna e fere o meu coração,
Digna de qualquer cão feroz imundo
Sou astro, sob este teto e sobre este chão.
Pulsa nas artérias agitadas a solidão,
Revolto-me pela crueldade de todos,
Enfaro-me da violência que sofro,
Maldita cela que fabrica loucos.
Esta grade que amedronta o forte,
Esta podridão, que desrespeita o ser,
Em lixo me transformam e forjam-me.
Violento fico apenas pra sobreviver.
Suspiro vago, olhar rasteiro,
Imagino a vida e o meu erro.
Troféu de ferro que alucina,
Não chore filho, o meu desterro.
Era feliz, alegre e amava o mundo,
Tinha no coração a sede do amor.
Amava à vida e compreendia a todos,
Hoje resta-me a lembrança e a dor.
Criminoso fui não por natureza, mas sou
Produto sei, de uma burguesia decadente,
Sem liberdades e sem alegrias, na vida,
Sou o bagaço restante, de um delinqüente.