Cessou de correr o rio,
fez-se silêncio nas águas
antes tão barulhentas.
Calaram-se pardais,
as andorinhas
não fizeram revoadas
ao entardecer.
Caiu a noite devagar....
No céu,
depois do anoitecer
não brilhou o luar,
nem surgiram estrelas....
O entardecer foi triste,
sem gorjeio de pardais,
sem pôr do sol,
nem a "ave-maria".
Depois do crepúsculo,
depois da noite triste
esperei surgir o sol,
esperei o raiar do dia
para pode sentir ao menos
um pouco do alegria
e o calor que o astro rei
traria para mim.
Mas o amanhecer
também foi triste,
nasceu um dia nublado,
o calor sequer atravessou
as densas nuvens cinzentas.
Será que doravante
tudo será sempre tão triste?
Será que no peito,
na minha alma, para sempre,
só vão existir
o sofrer e a amargura
gerados da sua ausência?
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.