" ...Este sepulcro caiado é a derradeira morada,
nela jazo tendo solidário um cipreste ao lado..."
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Agora que descanso só, neste solo sagrado,
pelo mundo de fora não sou sequer lembrado.
Este sepulcro caiado é a derradeira morada,
nela jazo tendo solidário um cipreste ao lado.
Você que passa, pare e olhe esta sepultura,
olhe para mim, veja no que fui transformado.
Agora não sou mais que uma placa e retrato,
por mais tivesse antes o mundo afrontado.
Um dia, fui poeta, sangue corria pelas veias,
pensamentos fluíam céleres, era arrebatado.
Fantasias bailavam ante meu olhar ambicioso,
hoje só das sombras assisto o triste bailado.
Meu cérebro pensava em versos, em mil rimas,
só descansava se tivesse um poema terminado.
Você que passa, pare e olhe esta sepultura,
jazigo raso por fios da prata do luar banhado.
Chore por mim, chore por esta enorme saudade,
que não me deixa em paz, ela será o meu legado.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."