Lá fora, o Inverno. E as árvores agora nuas
De tão despidas pelos seus modos toscos.
Acenam-me e nelas sinto o aconchego
Que nem o Inverno é senhor de delir.
Venha o vento gélido das alturas
E as chuvas de Dezembro, no seu dorso.
Com os cabelos, crescer-me-á o sossego
E a vontade incessante de existir.
Ainda que apartados.
De olhos esbugalhados
Defronto o sono que quer reinar.
Não deixo sequer escapar
Uma oportunidade de te sentir.
Sem nunca deixar de te sentir saudade.
Levito, como me ensinaste, sem medo de sucumbir.
Porém, deixa-me triste de tanta ilusão criada.
De tanto sentir os nossos corpos num só, e mais nada.
E não saber em que maré te esperar.
Espero-te, crédula, sem me lembrar
De teres dito que vinhas. Vens?
Não importa a resposta. Não digas nada.
Deixa o silêncio me dar respostas vagas.
Apenas vem.