Em meio a tanto sofrer,
a eternidade me acolheu assim,
enlaçando no braço celestial,
transportando até o infinito.
Então, deixou-me dormir,
e sonhei que ela,
era uma fonte cantante
jorrando em forma de arcos,
jatos cristalinos de água celeste.
Mas a lua a tudo via
e sentindo ciúmes
da plenitude da minha felicidade.
acordou-me rispidamente,
e então desavergonhada,
sem pudor despiu a alva túnica,
e como uma mulher nua,
fingindo ser casta e pura,
quis acolher o meu sofrer,
contemplar minha paixão
e levar-me para o céu,
para que me perdesse para sempre
entre as estrelas de Orion
e deixasse de sonhar com minha linda...
Sem forças, deixei-me ir,
sonâmbulo, cambaleante,
acompanhando a ímpia lua,
visitando as constelações,
deixando agora todos os meus sonhos
perderem-se para sempre
entre as estrelas de Orion,
repousando a cabeça
nos alvos seios da lua.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.
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