Partem tão frios
os mortos que partem,
ausentes de Vida,
destino e ardência ...
Arrastam os loucos,
chorando a partida,
de preto vestidos
em triste dolência!
Partem tão tristes
os mortos que partem,
descobertos, ardidos,
vazios de sentido,
despidos, absortos,
sem caminhos abertos,
queimados d'Inferno,
Alma contida ...
Passeiam, caminham,
andam, desandam,
perseguem a Vida,
fogem da Morte ...
Persistem e correm,
querem voltar!
Que hão-de fazer?!! ...
Fogem da tumba,
entrando nela ...
Desesperam e gritam,
veem que é tarde!
Recebem da Morte
a própria Morte
e fazem alarde!
Nada a fazer
que não seja aceitar!
Do caminho é o Mote!
E ficam à berma
os mortos que partem
sem Esperança nem Vida
que a Vida é Eterna ...
Ricardo Louro
em Évora
Ricardo Maria Louro