Como o vento que me bate no rosto,
Procuro em ti um encosto.
Um luar em noite de lua nova,
Quando os barcos atracam, por fim, no cais.
Não vens. Nem sei, tão pouco, por onde vais,
Quando o sol sadio morre pela lua.
Cresce em mim a certeza.
Como a frieza fermentada pelo norte.
A certeza de que sou tua.
E o que sou eu no teu caminho?
Uma gota de orvalho arrefecido?
Sigo os trilhos da minha sorte.
Abro a cama. Tentando calar a boca,
Encolho-me num abraço ausente, teu.
Mas a razão engana-me, dizendo que é meu.
E tu não dizes nada. Estarei louca,
Semeando uma quimera?
Não a oiço mais. Sei que me engana
Cerro a minha mão na tua, que me espera.
E perguntas-me o que sou.
E eu desenho-te nos lábios uma chama
E segredo-te ao ouvido:
“Sou aquela que te ama”