Queria tanto ter chorado mais... Não fui capaz! O choro não me veio nem mesmo em meio às infinitas noites que passei em claro no meu leito... Eu me deparo, hoje, sem nenhum receio, com a certeza do quanto é profunda e triste a dor que dói no peito por não saber chorar... Tanto ou mais que a dor de não saber sorrir!
E, por isso, em abundante tristeza, sei o quanto desejei partir e sair dessa livre e insensata prisão de escassas lágrimas, posto que me amar ficou distante, tanto e a ponto de tornar-me um mero visitante de mim mesmo! E acompanhado de mim andei a esmo, sem a minha própria e inútil companhia...
Mas eis que aos poucos minh‘alma se recria e, quase que por secreto encanto, Deus me brinda, discreto, com imagens lindas de lindas estrelas, as mais belas que no céu já vi. Quanto eu viajei a procura disso tudo em sãs loucuras!
E no repouso de amorosas juras, em puras emoções jamais sentidas, sem nenhuma fadiga e em mágica divina, eu ouso decifrar novos sinais... Sinto a paz de novas vidas se abraçarem e nesses abraços vejo formarem-se laços de ternura e intensa luz...
Novos perfumes, de pura alquimia, envolvem todos os espaços e em pensamento eu me busco e nos meus braços me levanto... Falo de mim que agora em doce pranto, neste feliz momento, amando amar a claridade no meu canto e, sem nenhuma vaidade, redescubro a grande arte que é sorrir chorando...