O tempo era outro
Outra era a poesia
Parecia mais gostoso
Mas somente parecia.
Eu também era outro
Hoje troquei a fantasia
Era de lata, não de ouro
Outra era quem me sorria.
Agora percebo a apatia
Talvez seja mau agouro
Mas já se fez tarde o dia
Que de dia estava louro.
Então se fez noite fria
E o vento beijou o corpo
Ali, uma folha decídua
Procurando abrigo, repouso.
Assim foi-se minha alegria
Parece que afundou num poço,
Num mar morto e de melancolia
Onde me afundei até o pescoço.
E doía.
Chegava a arder o osso.
Onde foi fazer moradia
Quem me chamava de moço?
E doía.
E eu chorava a modo grosso
E uma lágrima minha caía
Fazendo do riacho colosso.
Não.
Exacerbada é a poesia
Que faço quase todo dia:
O riacho virou ribeirão.
Eu falava de folha decídua?
Não.Houve um ledo engano.
O riacho virou rio e ribeirão
E depois transformou-se num... Oceano!
Gyl Ferrys