Não estou gostando dessa versão da Copa do Mundo. Não que eu despreze o berço onde nasci. Amo minha terra, a Pátria amada e mãe gentil. Mas, principalmente nesta época, existem lugares onde comecei a perceber toda a amargura do povo heroico sem saber como e nem por que dar eco ao brado retumbante das vozes exaltando Neymar Júnior.
Há estrelas como no lábaro, mas é preciso braço forte para conquistar o direito de ir à praia, deitar-se eternamente naquelas areias esplendidas ouvindo o pregão dos barraqueiros anunciando seus produtos ao som do mar e sob céu profundo. Numa praia estão explícitos os seios túrgidos da liberdade amamentando os filhos deste solo ansiosos para correr à casa de penhores e de lá retirar a cautela desta igualdade.
Haverá um lugar onde não se ouça falar de futebol quatrocentas vezes por dia? Onde meu espírito pode ser orgulhoso, por que ele ainda está pendurado no céu onde tremulante de emoção desponta o verde-louro daquela flâmula. Sei que há um lugar assim e lá irei repousar, deitado em berço esplêndido. Eternamente deixar passar o tempo e quando minhas cinzas estiverem adubando este solo que nenhum filho de mãe gentil há de abandonar, por que se sabe muito bem que há florões e chorões na América e na Europa, assim como em vários outros lugares onde a imagem do Cruzeiro resplandece.
E viva o copo do mundo, que o mundo entorna cheio de cerveja, até então proibida de frequentar estádios nesta terra.