E lá fora soprava um vento estival
Balançando as árvores e os cabelos
Despetalando as flores do quintal
Despertando em alguns algum medo.
No sofá, numa sala uma deusa dormita.
O roupão aberto quase deixa ver os seios
Nesta hora que o coração-pateta palpita
Pensando numa forma, em alguns meios
De se infiltrar pelo veludo verde- azulado
De cair de joelhos entre aqueles joelhos
De beijar loucamente os lábios vermelhos
De roçar aquele ventre no meu ventre suado.
Como amor causa em mim tamanho desejo
Chego a parecer um menino meio abobado
Apenas uma nesga daquele formoso seio
Já fico um lobo no cio com um rio de babado.
Pelo amor de deus! Não sou eu nenhum tarado!
Mas a candura naquela santa deitada no sofá
Me deixa muito, muito assanhado do lado de cá
Pensando o que faria quando descesse o roupado.
Ah! Vou deixar dos detalhes o leitor poupado!
Apenas vou aguçar a imaginação de quem me lê
Pensa um homem e uma mulher no quarto fechado
Agora feche os olhos, só assim será capaz de me vê.
Gyl Ferrys