Oiço baratas na minha almofada,
com o meu arrastado pestanejar.
Oiço o sangue da noite,
o zume zume que embala a cidade.
Hoje deitei-me virada para a janela,
sem dormir, vendo um prédio sonolento,
como eu não estou.
E só não te queria à minha beira,
porque faz calor, e eu suo muito,
fico suja... amarela.
Deixo a janela aberta,
convidando melgas para me chuparem o sangue.
Deito-me na noite, sendo parte dela
esperando o seu efeito bumerangue.
Maria Toranja
Carla Venta