Fui ao circo somente para ver o mágico, com um pressentimento atormentado. Era noite, caminhava rapidamente ao longo das venezianas. Neste trimestre, as cotações ainda sobem lentamente, mas até noite não tinha visto ou ouvido nada.
Também não havia comido nem bebido, inteiramente absorto diante da proximidade do adeus. Preocupava que na entrada da casa na cadeia havia leões, e na mesa de cabeceira mantinha as embalagens vazias utilizadas no trimestre.
Tudo estava quieto, escuro e estranho; brilhando espelhos de cobre, as brasas abrasadas no braseiro. Dificilmente seria liberado antes de ser-lhe aplicada uma dose de soro. Coração estava batendo muito alto na parede onde estava encostado, enquanto esperava em silêncio.
Finalmente os cavalos deixaram o palco e surgiu o mágico. Mas entrou sozinho, sem a partner em trajes mínimos e tanto esperada. Decepção total diante do aparente fracasso antecipado e anunciado.
16062014
in A Desconstrução das Palavras