O odor profano da noite
Percorria as ruas vazias
Até o meu corpo solitário.
E sinceramente,
Eu só pensava em percorrer com beijos
Todos os cantos desse teu corpo
Que eu tão bem conheço.
E quanto mais a madrugada adormecia,
Mais eu adquiria a certeza
Que apenas ti eu queria a meu lado.
Só o teu sorriso sublime e sem graça
Poderia reverter a felicidade
Ao meu favor.
O frio na barriga tornara-se constante,
O medo da sua reação
Nessa altura só perdia
Para a louca vontade de rever-me em teus olhos.
Cheguei a ponto de perder a sobriedade,
E transformar todas as nossas lembranças
Numa realidade paralela sem regras.
E quanto mais sono perdia
Mais coragem eu adquiria
De correr atrás dos teus passos.
E sinceramente,
Sequer imagino a possibilidade de perde-te de vista
De ter os teus suntuosos lábios distantes dos meus.
A claridade nefasta da aurora
Estava impregnada nos meus olhos,
Impedindo de ver a tua tórrida imagem
Logo ao romper do dia.
Cheguei a ponto de não acreditar em cumplicidade,
A ter o amor como sentimento adversário.
Hoje,
Sou incapaz de imaginar a minha vida monótona
Sem a tua efervescência querida.
M.Cardoso