Sinto a amargura corroendo a alma,
daninha, espalhando tanto desespero,
ao redor, pelos lugares que percorro,
onde apenas mendigo atenção alheia.
Bem sei! Fui por ela desprezado.
Não quero apenas afogar tristezas,
mentindo, enganando até iludindo.
Talvez exista quem se importe...
Tento não me engodar com aparências;
também, não quero enganar a ninguém.
Se por um amor perdido, magoado sofro,
será outro que me fará ser logrado,
a mitigar-me a dor, confortar-me o martírio?
Saberei distinguir da mera simpatia alheia,
carinhos até, de qualquer outro sentimento?
Já que nada tenho de bom a oferecer,
num mundo enclausurado me recolho.
Não espalharei o negrume que trago na alma,
posto que dilacerada, nesta hora de expiações:
sofrer não confere direito de iludir ninguém.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.