Penso nessa paixão absurda
no sentido de grandeza,
de sub-reptícios encontros,
lúbricos, encantados,
às vezes me belisco
e a dor me revela
que tudo foi real
que tudo é real.
Mas quem nos juntou?
Talvez, uma conjunção de planetas,
as cartas de tarô,
um relógio quebrado
que nos colocou
no mesmo minuto,
a mão de algum deus
do imponderável,
uma carta de amor
que selou nossas vidas,
carimbou nossos passaportes
para um tempo de dedicação,
amor quase irmão,
que fala e escuta,
que se emociona e chora,
que se dá e se deita,
que assina e aceita
o compromisso da alma.
E eu pratico esse entendimento
de te amar sem medidas
em todos os dias que acordo
e posso rever-te
ou ter uma lembrança,
posso sentir o gosto
mesmo à distância,
posso por fim agradecer
ao deus do imponderável,
posso me beliscar
uma, duas, três, dez vezes
e sentir a dor e ai,
gritar ai, gritar ai, gritar ai,
ai como eu te amo.