LAVAGEM
Encostado à janela do tempo,
batem-me murros de vento:
pancadas, que abrem meu peito,
que me fazem limpeza
e aspiram sujidade acumulada;
pó passivo, antigo, que vive comigo!
O vento bate na janelas,
abre-as de par em par!
Mais fortes, ainda,
batem-me murros de vento
para me lavar.
Fico molhado,
lavado por fora,
mas não por dentro!
A água,
que de mim escorre,
lava-me de toda a sujidade!
Algum pó, que ainda fica,
fica como fermento,
esperando que, um dia,
venha mais chuva e vento,
que me consigam lavar
todo por fora,
todo por dentro.
Figas