Fugi de mim
para um lugar inexato,
talvez no cerne de um desalento,
de um respirar quase sem fôlego
da minha razão ausentada,
da minha mente fragilizada e exposta
aos fios desencapados de uma simbiótica
relação já meio vivida, meio rompida,
como um músculo adutor da coxa.
Fugi de mim
quando tive o sorriso congelado,
um dia após outro adiado
para dias que não vivi, suportei
que não processei no meu tempo,
vácuo de memórias e sentimentos
quase um sonambulismo
um coma induzido.
Fugi de mim
e precisei me reinventar,
até mesmo me achar
dentro das minhas imperfeições
até conseguir me aceitar
frágil, errático, humano,
hipocondríaco, ansioso, depressivo,
fugi de mim na verdade
porque nunca quis
e nem conseguiria
fugir de você.