a maré recuava devagarinho, depois da floração de espumas:
-sabes o que te vou pedir a seguir, não sabes...?
ela soergueu-se, o seu perfil talhado ainda de húmidos contornos, na contraluz do céu entardecido. havia réplicas de sorrisos no seu olhar.
-o quê?... e esperou, gaiata, desafiadora, passeando a língua entre os lábios.
-casa comigo.
maria deu uma gargalhada pequena e funda, ainda eco do sorriso nos olhos.
-sim!... e somos felizes para sempre.....
ele acusou a ironia e fez beicinho:
-eu estou a falar a sério... -choramingou- quero casar contigo e ser feliz para sempre...
-ah, nós dois já sabemos que isso não existe... – contemporizou maria.
-pois não... não podemos ser felizes para sempre... – disse ele, deitando os olhos ao mar, que os levou para longe.
depois, retornou-os a ela, trazidos pelas vagas arrependidas:
-mas podemos tentar para sempre...