nas ondulações mornas do meu peito, há limites de velocidade ultrapassados, distâncias percorridas em tempos-luz, solfejos perseguindo uma música esbatendo. fecho-me contigo dentro dos meus olhos, cerro as pálpebras, isolo as memórias e o abraço é estreito, para que me possas dizer: “dança comigo...”. a música persiste, no entanto, transportando o beijo. é quente, dentro dos meus olhos: descem os teus lábios, rebuscando musgos, sombras aprazíveis, húmidos recantos e pele de água fresca. deixo. cresce-te a vontade, cedo-te terreno. e agora o espaço é da eternidade, o tempo é esta terra onde me quiseste. deixo-te - bebes dos meus lábios o sabor a ventre, matas no meu ventre a sede pulsante, dás-me do teu corpo o arado e a semente. e esperamos os dois que germinem estrelas no nosso instante. pousas-me, devagarinho... aparto as pálpebras e a luz é tanta. deixo-te.