Havia uma dúvida,
de quem seria a dívida?
Houve um silêncio sepulcral,
só quebrado pelo vento no varal,
Cada qual olhava para o chão,
como a procurar perdido botão,
Alguém preparara um café,
com xícaras de porcelana até.
O livro caixa estava aberto
e cada qual na mesa boquiaberto
Afinal havia uma dívida,
quem cobriria o buraco na herança?
Após muitas rodadas de discussão
culparam o finado, conveniente solução
Levantaram-se todos a um só tempo
o inventariante fechou o livro preto
Após acontecerem terríveis pesadelos,
decerto houve sentimentos de remorsos,
No outro dia, o florista não entendia,
porque tantas flores comprara aquela família
Enquanto isso, os coveiros riam à toa
Porque esse súbito humor à beira da cova?
Só o finado poderia explicar a razão
Mas - acredito - ele curtia feliz esta vazão
Mas afinal o que sucedera?
Que fato surreal acontecera?
O fim da história os leitores querem conhecer logo,
Calma, pessoal! A dívida era apenas
um rombo no bolso do terno...
Onde o finado colocara promissórias
Ao alcance dos coveiros para serem liquidadas
E aí, como souberam os coveiros?
Acho que a dúvida continua, pra você ajudar estes herdeiros.
AjAraújo, o poeta humanista, conto surreal escrito em 3 de junho de 2014.