Poemas : 

Mau(olhado)

 
Mastigou em seco, terra adentro
bocejou a noite, rio afora
mau-olhado, descaindo o corpo
como lobo esfomeado
insinuou-se, vento arauto
e na multiplicidade das horas
espírito incauto

Excomungado,
em morros cristalizados de sal
cascatas amansavam-lhe o ventre
ainda em modo crescente
alimentado do pólen rosado
a nascer-lhe no peito

O musgo,
fruto de geração fortuita
ensopou-se do mel fabricado in loco

Enxames mortíferos
proliferam ainda o côncavo dos ninhos
onde seus olhos se alimentam

Mas inadaptados à nova flora ocasional
do acto em si, por si só
esconjurado e ramificado
é a alma do deserto

Dakini


Maria Al-Mar
Enquanto Mulher


- Ilusorium
- Mira(douros)
- Modus-Informe
- Uivam os Lobos
- Mulheres de Areia

 
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Dakini
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/06/2014 11:41  Atualizado: 04/06/2014 11:41
 Re: Mau(olhado)
Palavras critalizadas que se descai nos olhos de uma alma, onde o olhar dos ventre se torna esconjurado

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/06/2014 12:37  Atualizado: 04/06/2014 12:37
 Re: Mau(olhado)
gostei de ler. muito bom. parabéns, Dolores.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/07/2014 18:18  Atualizado: 22/07/2014 18:18
 Re: Mau(olhado)
Numa visao densa, por bons olhos.

Enviado por Tópico
Dakini
Publicado: 29/08/2014 09:18  Atualizado: 29/08/2014 09:18
Da casa!
Usuário desde: 24/03/2010
Localidade: Espaço reduzido
Mensagens: 338
 Re: Mau(olhado)
Bom dia Poetas.

Grata pela vossa passagem por aqui.


Abraços

Enviado por Tópico
ManoelDeAlmeida
Publicado: 01/09/2014 00:07  Atualizado: 01/09/2014 00:07
Colaborador
Usuário desde: 30/05/2011
Localidade: Campo Grande/MS - Brasil
Mensagens: 834
 Re: Mau(olhado)
Pareceu-me falar de uma pobre alma deslocada nos ambientes por onde passa, porque na primeira estrofe, resume-me a sua má sorte no último verso /espírito incauto/; na segunda estrofe, já o primeiro verso indica o que é /excomungado/;na terceira estrofe, não passa de um /musgo,/ fruto de geração frutuita/; na quarta estrofe diz que "seus olhos se alimentam em côncavos ninhos"; e, por último, na quinta estrofe adjetiva-o de "inadaptado e esconjurado"! Partindo do pressuposto de que a leitura de uma obra de arte não pertence ao artista que a produziu, mas a quem a aprecia,... essa é minha humilde leitura!