Ao volante da Vida
caminho na estrada
de Monsaraz ...
Ingreme, deserta, nocturna,
- como eu, sem Paz -,
em busca d'aconchego!
E que ternura me faz
ver Monsaraz iluminada ...
Meu velho-barco da infância,
sem porto nem estância!
Tão só, me sou, na sua estrada ...
E quem diz não viver só
é porque mente!
Nascer e viver
é caminhar p'ra morrer!
E isto toda a gente sente ...
Quem o diz, vive a sofrer!
Quem o não diz, é porque mente!
Há em mim esta inquietação
sem Vida nem sentido ...
Um desespero, uma infinita tentação,
que me tolhe a Vida sem perdão.
E fico perdido na estrada de Monsaraz,
sem vida nem sentido, alegria ou paz!
Inquietação antiga, ancestral,
já vivida por meus Pais,
já vivida por meus Avós ...
Entre o Bem e o mal,
ó Alma, aonde vais,
se viver a Vida é viver só!
E subo, subo a Monsaraz ...
Meio só, meio perdido,
sem saber aonde vou!
Só sei que busco Paz,
que meu Ser se vê vencido
e que já não sou quem sou!
E Monsaraz que me dirá?!
Interrogação sem propósito,
ângustia por nada!
Alguém, algures me esperará?!
Cheguei! Acabou o depósito ...
E sigo a pé, por Monsaraz, de Madrugada.
Na estrada de Monsaraz, à noite,
exausto de mim mesmo!
Na estrada de Monsaraz, ante a morte,
a tristeza enlouquece-me o desejo!
Na estrada de Monsaraz, tão perto de Monsaraz,
tão longe do Fim, minh'Alma perdida ...
Que a estrada de Monsaraz, é para mim,
a própria estrada da Vida! ...
Ricardo Louro
em Monsaraz
Ricardo Maria Louro