A boca borrada balbuciava
Poucas, porém belas, palavras
E os dez dedos demasiados
Digitavam textos trabalhados.
Na noite não notava nada
Apreciava a beleza boa do dia
Isso sim daria uma ótima poesia
Por isso não compor na madrugada.
A alvorada era muito mais sanguínea
Os dedos da deusa abrindo as cortinas
O marido atrelado a cavalos de ventas ígneas
Anunciando a chegada das brisas mais finas.
O murmúrio das fontes corredias e cristalinas
A relva orvalhada pelo sereno da noite gelada
A alegria das borboletas, a sinfonia da passarada,
Os corcéis selvagens desbravando todas colinas...
Os vapores formando nuvens fofas e acarneiradas
O vento beijando as flores numa fogosa ventania
Os vales repletos de elfos, dríades, de belas ninfas
As grutas e cavernas de estalagmites adornadas.
As árvores de frutas saborosas e doces coloradas
Fazendo mais bonitas e frutíferas todas as manhãs
As mil bocas borradas pelas sementes das romãs
E pelas maçãs mais mil bocas pecadoras borradas.
Gyl Ferrys