Aurora
Na noite,----
entre sonhos desempregados,
entre negras esperanças,
falaram-me de ti; -- Aurora!
Não te conheço,--
mas, disseram -me
quando te levantas,
quando apareces,
o sol---
logo se apressa a beijar teus lábios,--
frescos ---e –teus olhos irisados!
rodeados de orvalhos da madrugada,
que velam tua beleza!
Sim, --já me falaram de ti,---
mas,-- eu ainda não te conheço!
Disseram-me que eras meiga e doce,
mas,-- a aurora que eu vejo,
em que acordo ,-- tarde,
em cada manhã,-- deve ser tua irmã!
Não a que desejo,
a que quero conhecer
e acordar nos seus braços,
olhar sua boca de lábios frescos,
de olhos irisados;
olhos de luz, sem poente!--
Ficar no seu regaço,---
cheio de eternidade colorida!
Disseram-que és eterna!
Quero estar contigo.
Por ora, por agora,
durmo entre sonhos desempregados
e esperanças quase perdidas,
mas--- sei—
que um dia vou acordar nos teus braços!
Disseram-me que és meiga!
Talvez me afagues. e, quem sabe?
talvez dês emprego aos meus sonhos, ---e
renoves esperanças –
de quando eu sair da noite
ficar ao lado do teu olhar irisado!
Disseram-me que eras meiga!
Oxalá que assim seja.
Prometo não fazer birras!
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Autor deste original e inédito:
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
Figas