Apesar de tudo, nunca mais ouvi o cantor
entoar como antes as canções da coroa.
Obscuro e vago, passos surdos no corredor
aproximavam-se suspensos saindo da garoa.
Já ouvira tantas canções de ninar estranhos,
nos versos subjetivos da burla ali tão venal.
Não revelarei a quanto montam meus ganhos
mais líricas soam palavras grafadas no plural.
Aproximando-se da plataforma mau iluminada
último trem partindo, desfolha um malmequer,
desenha gráficos de barras debaixo da sacada
Nunca, jamais deverá ser único objetivo do poeta,
obrar, a buscar a verdade real ao custo qualquer,
nem nu, percorrer areias fingindo ser anacoreta.