De repente o vento sobrevoa minha alma
e a paz acalentada em meu âmago
se torna em tormenta e pororoca
O chão estremece e abala suas raízes
as águas revoltas levam tudo a sua volta até
que chegue nova pororoca
A alma queda-se cansada e abatida
a vida perde a sua essência em vida
e a morte é suave e livra-se da lida
O sol brilha em pleno fulgor
mas uma nuvem negra paira no alvor
e há escuridão ao meio dia
Respiro o ar, malfadado e poluído
busco abrigo, no confins do mundo
mas só encontro nada mais que abismos
Surto em desespero e grito
um berro rouco rasga meu peito ferido
rasga o véu da vida entre espirais de vento
Já não haverá amanhã
espero que esse amanhã jamais chegue
e que o dia de hoje se encompride pra sempre
A pororoca acontece a cada ciclo
em cada ciclo a vida e a morte
se reúnem e caminham lado a lado
Fadinha de Luz
Maria de Fatima Melo (Fadinha de Luz)