Desgraçadas das crianças
Que viviam na minha rua,
Não podiam entrar em festanças
Que lá estava o senhor averigua.
Nada se podia mexer
Sem o homem para nós olhar,
Tinha sempre que dizer,
E muito que protestar.
Não se podia ser criança
Nem uma flor apanhar,
Que o homem na sua rança
Vinha para nos ralhar.
Éramos tantos cachopos
Na rua sempre a saltar
Nas brincadeiras os marotos
Fazíamos o homem soprar
O Lúcio puxava a corda
A Elsa pintava a macacada
O Jorge ia de pião na onda
Eu marcava a palhaçada
Recordo-me do esquisitinho
Que andava sempre a implicar,
Já morreu o coitadinho,
Não o quero incomodar.
Com tantos santos proclamados
Porque não, o Santo Esquisito?
Ele deve estar junto aos redimidos
De auréola deve ter um _ _ _ _ _ _ _ _ (?) .
Cristina Pinheiro Moita /Mim/