"Receio, pois seja ato de loucura,
Se eu me resigno a cometer a empresa.
Supre, és sábio, o que digo em frase escura”.
Como quem ora quer, ora despreza,
Sua alma a idéias novas tem disposta,
Mostrando aos seus desígnios estranheza”
A Divina Comédia – Inferno – canto ii
Oh, gananciosos! Praticantes dos pecados abrasadores,
estava eu atormentado, cedendo lentamente à loucura.
N’outro dia, um sonho havido tornou críveis os rumores,
inobstante gritos abafados, repúdios da emoção-impura.
Foram terríveis os embustes, senão pesadelo alarmante,
nada daria em troca da ventura de poder viver ausente,
louvam o charlatanismo, de tetro frenocomio burlante
sequer considerei o artefato admissível, se era absente!
Seria um logro almejarem glórias sobre a palma aberta,
c’a mão turbar os artefatos pagãos, vil rancor desperta;
será tudo que terão. O tempo ominará esse agir rafeiro.
Creia! Estão mentindo os embusteiros artífices da vilania,
irão sentir chacoalharem-lhes ossos, mestres da felonia.
Não desprezem o poder de expiar no encontro derradeiro!