Casamento hoje é considerado corriqueiramente, como um acontecimento trivial.
Antigamente não era. Casar-se era assumir um compromisso vitalício que unia além dos nubentes, as respectivas famílias. Havia todo um cerimonial envolvendo o dia em que a moça deixaria a casa dos pais, um momento registrado com muita emoção e singeleza. Mesmo hoje, algumas famílias ainda conservam esse costume.
Era uma família tradicionalmente assim. O dia do enlace estava às portas e a tia da noiva convidou o prometido marido para uma conferência honesta. Disse-lhe com franqueza que seria recebido no círculo familiar com muito afeto, e que achava ser uma boa ocasião de falar-lhe um pouco sobre a moça que escolhera para sua esposa. Fora criada num berço de muito amor e já na idade em que se encontrava acostumara-se a esta referência e aos valores que lhe incutiram desde a tenra infância. Não sem sacrifício, seu pai a formara, haja vista serem de poucas posses. Batalhara por todos aqueles anos da forma que necessário fosse para abrigar, alimentar, educar enfim, prover-lhe os meios de vida. Nem mesmo da enxada escapara-lhe as mãos na sua árdua tarefa de criar os filhos. Agora, entregava-lhe sua filha, uma moça modesta, mas de um caráter moldado pelas melhores virtudes que pudera cultivar. Era o fruto de muita dedicação e envolvimento emocional...
O rapaz refletia silenciosamente como quem se dava conta da aparente ventura. Casaram-se na mesma semana e cada vez que fincava os olhos na sua jovem esposa, via uma pessoa especial que deveria ser amada com candura, não pelo que possuía, mas pelo que era.
Achei bonita a menção dessa lembrança por volta do nono aniversário de união do casal.