Eu descobri, que preto sem branco não existe, que horas não existem sem segundos, que não existe solidão sem o som do silêncio.
Aparentemente parece simples, demasiado primário até, pois a maioria das pessoas são ensinadas. Eu descobri isso da pior forma.
Eu descobri que se fechar os olhos, o medo toma conta de mim. Inicialmente, pensava que seria medo da escuridão, e que nela, eu
entraria num novo mundo, um mundo para o qual eu não fui feito, um mundo onde hesitaria dar um passo por mais pequeno que ele fosse.
Mas não era o fim. Cedo percebi, que mesmo sem ver, podia estender a minha mão para que alguém pudesse guiar os meus passos.
Só tu me vinhas à cabeça, tu e o medo, o medo de estender a mão, e não seres tu a pegar nela primeiro que qualquer outra.
Parece que cada vez que eu o vencia, ele voltava ainda mais forte. Isso deixou-me fora de mim, de cabeça completamente perdida.
Ao ponto de pôr a minha vida em risco, e andar na rua sozinho. Não sei dizer quantas vezes eu caí, mas sei dizer quantas vezes
me ajudaram a levantar. Zero. Fingi não ouvir todos a chamarem-me de maluco, só porque estava desesperado a gritar o teu nome.
Essa dor era bem menor do que a dor das quedas que dei nesse dia, e a dor das quedas que dei nesse dia, era bem menor do que a dor de não te encontrar, e eu descobri isso, quando contava segundo a segundo, até que os segundos fizessem horas.
Contava-os na minha cabeça, pois não queria interromper o silêncio da minha solidão. Não queria ser uma companhia de mim mesmo.
E eu podia ter feito isso para disfarçar a tua ausência, para fingir ter uma força que sem ti, eu sei que nunca teria.
Eu sei que nunca teria. Nem nesta, nem em nenhuma outra dimensão. Nem mesmo no mais elaborado dos sonhos, mas isto é um pesadelo.
Eu descobri, que tudo isto foi um pesadelo, quando acordei e vi a tua cabeça sobre o meu peito, a posição em que adormeces sempre.
Não consegui disfarçar a felicidade e quase por instinto apertei-te num beijo, agradecendo por não ter que passar por tudo aquilo.
Agradecendo não ter que andar pelas ruas como um maluco a gritar o teu nome. Sim, o amor para mim tem o teu nome.
Eu descobri, melhor ficar sem visão do que ficar sem memória, prefiro chamar o teu nome pois só ele trás o que é invisível aos meus olhos.