Poemas : 

Bolsos do desespero

 
BOLSOS DO DESESPERO

Nascemos, logo nos vestem roupas,
mais tarde com bolsos,
de carapins, passamos a usar sapatos,
até botas!
De bolsos, para lenços,
passamos a usá-los para notas
e a viver tensos,
deixamos de ser meninos e passamos a cretinos,
a querer contas no banco
e acções a render outro tanto!
mesmo os poetas, que cantam o amor,
a lua, o céu e as estrelinhas,
não desdenham
que seus versos lhes rendam notinhas!

Os bolsos, que na roupa estão,
com eles temos de viver,
dão-nos a preocupação de os querermos encher,
com boas ou más acções?
depende das notícias do vento
e das novas que a bolsa traz!

Ponto fulcral dos nossos anseios,
é que bolsos, às roupas cosidos ou colados,
andem sempre cheios,
senão ficamos nós vazios d'esperança,
desesperados!
Resta-nos o conforto
de termos nascidos nus,
sem nada,
sem bolsos para notas,
e embora morramos vestidos,
com bolsos à roupa cosidos,
sabemos que os levamos vazios,
porque, mesmo cheios,
já não mais abrem portas!




Figas

 
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Figas
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