Vim da tua boca pé ante pé guardando os silêncios, cortei os dedos nos vidros que deixaste espalhados na soleira do teu ventre.
Acendi um cigarro na ombreira dos teus olhos, alpendre dos dias mal dormidos das palavras que fugiam com os gatos, e voltavam ronronando por um afago, que por ser de fome, parecia desejo.
Vim por não saber onde refastelar a dor, casa das ancas.
No joelho da estrada, mendigo de ti, roubei as laranjas dos teus seios, e fui como um cão ladrar aos sonhos.
Amanhã já não precisas de dizer que me amas, porque vim de tão longe, que me esqueci de chegar.