Estavamo-nos a observar havia algum tempo, embora não o querendo admitir.
Sabias que eu te amava, e vice-versa, eu escrevia sobre ti e tu sobre mim nas folhas imaginárias das nossas mentes, eu fazia-te parecer a mais bela mulher do mundo, tu não me querias belo, querias-me teu.
Fitavamo-nos pelas persianas abertas do pensamento, passeávamos por imagens de caos sem nos apercebermos que o caos éramos nós.
No nosso estranho mundo da escrita imaginativa conciliávamos os As com os Ms e os Os com os Rs.
Abríamos livros com títulos da nossa desgraça "Procuro-te em mim" lia eu, "Roubas-te-me o coração" lias tu...
Ambos sabiam que não se podiam conhecer, não queriam acabar com a palavra amor escrita nos seus corações, não queriam tocar-se nem trocar uma única silaba, não precisavam disso.
Amaram-se à sua única maneira.
Morreram sem nunca se conhecerem.
Morreram no meu consciente.<br />.