Hoje fui um mar de incertezas, de mágoas reprimidas
Afundei-me no negro dos teus olhos
Perdi-me no labirinto dos teus cabelos
E perdi-me a mim própria também por não te poder amar.
Hoje fui como uma estrela que de tanto brilhar se apaga
Imersa num turbilhão de luz e cega por tanto te olhar
Infeliz por encontrar a felicidade num simples momento
Para logo depois a perder sem resistência.
Hoje, hoje fui terra para os teus braços
Plantei-os em sonho entre os meus
E fi-los crescer sem fim na minha memória
Até me lembrar de acordar...
Fui mar e sal e lágrimas
E com essas lágrimas tentei lavar meus pensamentos
Mas foi em vão
Pois se sou mar, mar és também.
E então fui apenas sonho
Um sonho longínquo e vago
Sonho perdido na memória
Mas cravado bem fundo no coração,
Sonho entranhado na alma e na mágoa de quem o conseguir sonhar.