Poemas : 

soneto da agonia

 
“Quando os doces suspiros só se ouviam,
Como, em que Amor mostrar-vos há querido
Os desejos, que ainda se escondiam?” —

— “Não há” — disse — “tormento mais dorido
Que recordar o tempo venturoso
Na desgraça. Teu Mestre o tem sentido “

A Divina Comédia – Inferno – canto V





De tristezas, não havia ainda vivido tempo tão profundo,
agora não se tem a pessoa amada, alma não compreendia;
por que, em meio a toda a multidão, sentia só no mundo,
a dor estava muito além do que as forças, a razão exigia.

Desperdício sofrer como os mártires da fé, ter sequelas,
insaciável este amor. Dele vivia, ignorando ser preterido.
Quando vieram solidão e saudades, já habitei entre elas,
tentei livrar-me, envidando tanto esforço, até desabrido.

Estavam sempre com você, alma e meu corpo desejoso,
ansiando pelos carinhos, anelo tanta sedução e seu afeto,
ora há apenas o corpo, aqui, triste e taciturno, lastimoso.

Não foi sonho, pesadelo, foi a realidade fazendo entrada;
Dos rostos e faces, interessa apenas seu sorriso dileto,
na galeria do mundo, para mim restou agonia desditada.









[ tanta, tanta agonia como a sentiu Francesca, desditosa,


recordando tempos felizes




na miséria d’alma.]

 
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shen.noshsaum
 
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