Com as mãos crispadas pelo frio da saudade,
Vagueiam pensamentos pela escuridão
Da sua inquietude, e profunda ansiedade
Que lhe aperta o peito e sufoca o coração!
Sentada num banco de pedra, silenciosa
Segreda as suas duras mágoas incontidas,
Na noite cansada pela ausência do luar,
Tenta conter um soluço de tenebrosa dor
Mas dos olhos soltam-se lágrimas sentidas
Sua alma, desesperada, não pára de chorar!
Andeja abraçada pelo breu, sem rumo,
Guiada pela luz retida na sua memória
Que a acompanha, no deambular nocturno,
Ate onde, não sabe, talvez até à sua glória!
Invadem seu pensamento, ilusões vividas
Que o tempo amordaçou nas tardes caladas
São imagens coloridas, perdidas nas brumas!
Deixa as ideias entregues a morfeu, exauridas
Desperta com melodias, pelas aves cantadas
Afagada pelos raios da aurora, como plumas!
Cansada, sorri a nada, olhando em seu redor,
Feliz por despertar de pesadelo tão cinzento,
O seu coração está em paz, com muito amor,
Sua alma é flor com pétalas de sentimento!
José Carlos Moutinho