Retrai-se a ventania
que vem da epifania
por se descobrir em segredo,
com a real voz sem medo,
que os porcos são poetas
os pecadores são ascetas,
as mães morrem todos os dias
e que a poesia nasce de picardias.
Depois, larga-se sem remorsos,
num furacão de ossos
capaz de matar virgens, putas
e, outras conhecidas grutas
que colhem aldrabados proveitos
de dizeres elanguescidos e provectos.
Fica-se à espera dos cacos,
daquela ladainha de fracos,
natural a quem se ilumina
com virosa pantomina.
Lá virão sempre os fraldisqueiros,
Lá se aguardam sempre os calhandreiros.
A boa convivência não é uma questão de tolerância.